Um brinde às diferenças!

Graças ao segundo cromossomo X doado pelo meu pai que eu nasci menina.

Como se já não fosse muito controverso todas as mulheres terem sido determinadas fêmeas pelos homens...

É por conta dessa codependência que nos faz diferentes que eu escrevo hoje.

Acho que as mulheres, no geral, estão mesmo de parabéns!

Mas não acho que o dia 8 de Março nos faça superior, nem mais fortes, nem mais independentes. Ouso até dizer o quanto esse dia inspira o feminismo sem fundamento e sem compreensão. Obs.: O feminismo em si luta por uma causa muito bonita, mas muitos de nós distorcemos esse conceito.

Também não acho que precisemos de uma data para sermos tratadas bem e com respeito. Acredito que esta data ainda exista para nos relembrar a nós, mulheres e homens, das conquistas que conseguimos ao longo desse caminho que vai em rumo ao segundo século de batalhas travadas. Data essa que nos inspira determinação e luta por espaço, voz, respeito e dignidade. Sim. Acredito nisso. 

Viemos sacrificando as nossas vidas por melhores salários e condições humanas de trabalho. Hoje a luta da mulher está muito mais diversificada, mas qual é exatamente o objetivo principal dessa batalha? Queremos ser iguais aos homens? Somos melhores? Inferiores? Ou somos simplesmente diferentes tanto por graça divina como pelo cromossomo que nos confere formas mais suaves? 

Gosto dessas diferenças. E ser diferente é ter consciência dos caminhos que resultarão das nossas escolhas, daquilo que vamos enfrentar ao ser da forma como queremos. Ser diferente é ter coragem para seguir existindo. A luta só é justa enquanto pedimos respeito pela nossa diversidade, sabendo que, independentemente do gênero, seremos julgados por aquilo que decidimos fazer.

É como deixar crescer pêlos nas axilas. A mulher precisa sentir-se à vontade consigo mesma para assumir, de cabeça erguida, que quer ser peluda e não quer fazer depilação, seja o motivo qual for. Para buscar o respeito, não é necessário começar uma briga com aquelas que tiram os pêlos, por exemplo. Respeito se conquista dando o exemplo.

Esse conceito é simples, mas nós complicamos tudo quando determinamos que havia um padrão, uma normalidade e coisas que todos queríamos. A partir do momento em que fizemos isso, fomos injustos com o invulgar e com a individualidade de cada mulher e de cada homem. Por conta disso, acabamos por nos virar contra a nossa própria natureza reprimindo muito dos nossos sentimentos e emoções. 

O fato é que já ganhamos muito até aqui. Mas o nosso maior freio nessa luta por respeito não é a sociedade. Não é o homem. Essa batalha é travada dentro de cada um de nós, através das nossas escolhas e do nosso caráter. E o caráter nada tem a ver com gênero.

Eu só desejo que, neste dia 8 de Março, você possa repensar a sua luta e ser quem você realmente é. Livre dos seus próprios fantasmas e preconceitos. Livre dos traumas do passado. Porque eu vou continuar te julgando, seja você homem ou mulher. Todos vão continuar te julgando. Mas quero aprender a te respeitar.

Saiba o que quer para saber pelo quê lutar. E assuma a sua luta independentemente da opinião alheia. Lembre que a sua liberdade acaba quando começa a do outro.

Fui violada duas vezes. Não defendo a atitude bestial masculina. Por mais curta que seja a saia, por mais tolo que seja o comportamento, todos devemos ser tratados como seres humanos que somos, antes do gênero ou da opção sexual. O respeito é para todos. Os direitos podem ser os mesmos, mas sempre continuaremos sendo mulheres e homens.

Nasci menina, mas foi a vida quem me fez mulher.

Feliz dia a todas e brindem as diferenças, elas fazem bem. 

Obs.: Esse dia é para as mulheres e para todos aqueles que as amam.


Beijinhos,
Kalli Horn